quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sexualidade nas escolas em debate

Ver edição completa Docentes e profissionais de saúde discutem importância de uma educação sexual plena
A criação de uma “via verde” entre as escolas e os centros de saúde foi a medida defendida por Margarida Gaspar de Matos, psicóloga clínica, durante uma oficina sobre educação sexual nas escolas, que teve lugar na semana passada, na Academia Militar da Amadora. Uma iniciativa que teve também a participação do psiquiatra Daniel Sampaio e de Francisco George, director-geral da Saúde. ACâmara da Amadora, em parceria com a Direcção Regional de Saúde de Lisboa e a Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, organizou, entre os dias 8 e 9 de Julho, um ‘workshop’ subordinado ao tema “Educação sexual em meio escolar”. O Auditório da Academia Militar da Amadora recebeu centenas de profissionais ligados à área da saúde e da educação que debateram, ao longo dos dois dias, os vários temas relacionados com as questões da sexualidade na escola. Margarida Gaspar de Matos foi uma das oradoras e depois de ter apresentado um estudo sobre a sexualidade dos jovens e de ter ouvido as várias queixas apresentadas por docentes e profissionais de saúde sobre a abordagem das questões relacionadas com a sexualidade nas escolas, defendeu que “seria interessante pensarmos num protocolo entre as escolas e os centros de saúde para que a resposta seja directa aos problemas levantados pelos professores”, adiantou. Uma ideia que foi avançada depois de professores e alguns profissionais de saúde oriundos de vários concelho vizinhos da Amadora, que também marcaram presença nesta oficina, terem levando algumas questões relacionadas com a falta de informação e de formação nesta área. Francisco George, director-geral da Saúde, lembrou que “estamos num processo de transição de mudança de paradigma na saúde” e “temos 3 mil estabelecimentos de ensino, na Grande Lisboa, e apenas 22 unidades de saúde”. O responsável adiantou também que “cada uma das escolas terá que conhecer qual o seu interlocutor no Centro de Saúde da sua área”. Francisco George acrescentou que “devemos exigir informação e conhecimento”.
O pior é apenas ouvir Com o objectivo de fomentar a partilha e a discussão em torno desta temática, Daniel Sampaio, psiquiatra e professor catedrático, lembrou a importância da discussão das “reais dificuldades encontradas pelos professores na abordagem das questões da sexualidade na escola” e lembrou que “o pior método é colocar os alunos apenas a ouvir”. “Eu costumava dar palestras nas escolas e todos gostavam de ouvir, mas depois de ter realizado inquéritos sobre a minha exposição, apercebi-me que a minha mensagem não chegava aos jovens”. O psiquiatra referiu também a importância da educação sexual na escola e, citando alguns estudos, adiantou que “a educação sexual nas escolas adia a vida sexual activa dos jovens, aumenta o uso do preservativo e diminui as infecções sexualmente transmissíveis”. Daniel Sampaio acredita que a maioria dos pais está a favor da sexualidade das escolas e reconhece a existência de “uma minoria” que está contra, no entanto, diz “não ser expressiva”.

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