quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Costa lamenta cinco mortes

Ver edição completa Número de intervenções no mar aumentou drasticamente este ano O mar da Costa da Caparica poderá estar mais perigoso, mas o número de afogamentos registado nesta época balnear terá outra explicação: “As pessoas não respeitam as bandeiras nem os avisos dos nadadores-salvadores”, afirma Luís Vitorino, presidente da Caparica Mar, associação responsável pela orgânica de socorro nas praias. Ainda na quarta-feira, na Praia da Rainha, seis pessoas tiveram de ser socorridas ao mesmo tempo, tendo sido em seguida “autuadas pela Polícia Marítima por desrespeito aos avisos dos nadadores-salvadores”. E nestes casos a multa poderá oscilar entre os 25 e os 250 euros. A operação de enchimento artificial das praias da Costa da Caparica tem sido aventada por alguns como responsável pela alteração do mar, mas para Luís Vitorino “isso não passa de uma mera hipótese”, e o mesmo diz o presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica. “O nosso mar nunca foi fácil. A operação de assoreamento poderá ter facilitado o surgimento de mais agueiros, mas o desrespeito das pessoas pelas autoridades marítimas é a maior causa dos acidentes de mar”, afirma António Neves. E num ano em que as praias encheram, “eram esperados mais problemas”, acrescenta o autarca. “Felizmente os nadadores-salvadores têm feito muito bom trabalho”. E o mesmo faz João Carreira, presidente da Associação de Concessionários das Praias da Costa da Caparica e Fonte da Telha. “O Plano Integrado que estabelecemos com a Caparica Mar está a funcionar excelentemente”. Mais certeza de que o enchimento artificial de areias não está relacionado com o número de casos de afogamento nesta época balnear está o Instituto Nacional da Água (INAG), responsável por esta operação. Segundo informação técnica desta entidade, verifica-se uma “alteração das correntes em toda a costa de Portugal”, e no caso da costa ocidental, existe “uma predominância de correntes de sul e de sudoeste, quando o habitual era correntes de norte, noroeste ou oeste”. Quanto à existência de fundões na Costa da Caparica, o INAG garante que “a execução da alimentação artificial executada em2009 não produziu alterações significativas para além daquelas que todos os anos, mesmo sem alimentações artificiais, o próprio mar naturalmente provoca”. E acrescenta que “mesmo ema nos anteriores à execução das alimentações artificiais, estes fundões são conhecidos dos nadadores-salvadores, razão pela qual as praias estão balizadas com sinalização das áreas onde se pode tomar banho e outras onde é proibido”. O certo é que o último caso de morte por afogamento registado pelo Instituto de Socorros a Náufragos na Costa da Caparica remonta a 26 de Setembro de 2007, um homem de 52 anos.Nesta época balnear, que só termina a 30 de Setembro, a Caparica Mar já contabiliza cinco mortes. Três em Junho, uma em Julho e a última em Agosto, de um jovem de 20 anos que morreu no mar da Praia da Saúde depois de tentar socorrer uma menina de dez anos. E os números negros de Agosto deixam que pensar. Entre o início da época balnear, de 1 de Junho a 31 de Julho, os nadadores-salvadores da Caparica Mar foram chamados a 136 ocorrências, sendo 72 dos casos de salvamento efectivo no mar. Só em Agosto, foram 118 as ocorrências; sendo que 20 dos casos foram por doenças súbita, 31 por traumas, 32 por afogamento, 10 por desaparecimento – crianças que acabaram por ser encontradas pelos nadadores-salvadores – e 24 intervenções por outros motivos. Houve ainda a registar o pedido de socorro de uma embarcação que a seis milhas da costa ficou com o motor avariado, tendo sido socorrida por uma mota de água da Caparica Mar e pelos Bombeiros da Trafaria.

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