quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cuidar+ faz ‘combate’ pela saúde

Ver edição completa Cuidados continuados integrados prontos a arrancar até ao final do ano em cinco freguesias É um“combate diário”. Na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Cuidar+, uma das duas do género a funcionar no concelho, os recursos humanos estão esticados ao limite, mas o espírito de entreajuda prevalece. Para dar resposta em várias valências – desde os cuidados continuados à área da saúde escolar, passando pela preparação para a parentalidade e parto, prevenção da doença, crianças/famílias de risco e intervenção comunitária – há 11 enfermeiros (três deles não a tempo inteiro), uma médica disponível 10 horas por semana e outra apenas quatro, dois assistentes sociais (11 horas/ semana), uma psicóloga (10 horas), uma fisioterapeuta (oriunda do programa de estagiários da Função Pública, 35 horas), e um higienista oral (quatro horas), aos quais acrescem os parceiros da comunidade. Não chegam, pois, a 20 profissionais para um universo de 110 mil utentes inscritos, tantos quantos os habitantes das cinco freguesias abrangidas pela Cuidar +: Algés, Carnaxide/ Queijas, Cruz Quebrada/Dafundo e Linda-a-Velha. Este ano, só no âmbito dos cuidados continuados, as duas equipas que todos os dias se dividem pela área geográfica em questão – as outras cinco freguesias são cobertas por outra UCC, sedeada no Centro de Saúde de Oeiras – já fizeram 15 mil visitas domiciliárias, à razão de 30 a 40 por dia. “Só com grande motivação e empenho dos profissionais se consegue dar uma resposta adequada à população”, constata a enfermeira Lina Pereira, coordenadora da Cuidar +, que gostaria de poder contar com mais recursos humanos para não sobrecarregar a actual equipa e poder alargar a dimensão dos serviços prestados. Este défice de recursos não chega, porém, para desmoralizar a responsável pela UCC Cuidar +. “Já estamos habituados a viver com carência de recursos. Ou, pelo menos, nunca tivemos pessoas nos serviços de quem se pudesse dizer não fazerem falta”, diz. Por isso, está em condições de garantir a qualidade do trabalho desenvolvido desde a formação da unidade (em Março de 2009). E assegura que a equipa multidisciplinar que coordena está preparada para enfrentar o novo patamar de exigência que se avizinha: a entrada em funcionamento dos Cuidados Continuados Integrados (CCI), afinal, a missão para que foram criadas as UCC. “Só estamos a fazer cuidados continuados porque as Unidades de Cuidados Personalizados de Saúde [vulgo centros de saúde] não têm, por ora, meios para poderem prestar esse serviço por si só, mas logo que essa situação se inverta poderemos alargar o serviço de cuidados continuados integrados que vamos agora começar a prestar à comunidade”, explica Lina Pereira. No fundo trata-se de providenciar um “hospital na comunidade” e, para já, a UCC de Oeiras Oriental terá uma carteira máxima de 20 doentes por mês. “Os CCI já existiam a nível da rede dos hospitais e o que se pretende agora é assegurar a transferência dos doentes que estão nos hospitais para a comunidade”, explica Lina Pereira, especificando que estes “são pacientes que requerem um maior número de horas de cuidados, incluindo ao fim-de-semana, doentes dependentes que podem estar em fase transitória ou não”. Os objectivos passam por “ajudar a que se tornem o mais autónomos possível, bem como apoiar as famílias”. O processo está em fase adiantada. “Já identificámos os pacientes que, na nossa óptica, têm os critérios necessários para integrarem essa carteira de 20 utentes e penso que até ao final do ano vamos ter uma resposta. Em Janeiro, deveremos estar a funcionar em pleno”, perspectiva a enfermeira. Uma vez que as actividades hoje a funcionar são para manter, este novo desafio trará um acréscimo de horas de trabalho para o mesmo número de profissionais. Mas Lina Pereira não desarma do seu optimismo. “Todos temos de esticar mais um bocadinho e com esta equipa vai ser possível porque tem um grande espírito de interajuda e desmotivação”, garante esta responsável, esperançada que, entretanto, a “conjuntura difícil” que se vive seja, também ela, sujeita a cuidados continuados e possa curar-se...

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