sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma centena sem abrigo

Ver edição completa Pobreza aumenta drasticamente e até já há licenciados a dormir na rua Em Portugal, cerca de 2200 pessoas vivem actualmente na condição de sem-abrigo. O levantamento foi recentemente apresentado pelo Instituto de Segurança Social e identifica que na sua maioria são homens, portugueses, entre 30 e 49 anos, sendo que 90 por cento dos casos encontra-se na Grande Lisboa e Grande Porto. Este estudo aponta ainda que nos concelhos de Setúbal, Coimbra, Braga e Faro o número de pessoas sem tecto ou a viver em centros de acolhimento temporário está a aumentar. No concelho de Almada apesar de não existir um registo concreto que revele crescimento da população sem-abrigo, o vereador responsável pelo apoio social acredita que “poderá ter havido um ligeiro aumento”. António Matos reporta-se a um recente estudo desenvolvido pela AMI no âmbito do Conselho Local de Acção Social de Almada (CLASA), apresentado no plenário a 29 de Novembro. Segundo António Matos em Almada este estudo identificou “98 sem-abrigo”, sendo esta população predominantemente masculina, atravessa todas as idades e com vários níveis de formação. Curiosamente, entre os casos conhecidos quatro correspondem a pessoas licenciadas. Refere ainda o vereador que existe uma grande mobilidade entre a população sem-abrigo, uma vez que muitos são jovens com dependências. “Por vezes são identificados em Lisboa, outras em Almada ou mesmo no Seixal”. Uma condição que “não facilita o trabalho de acompanhamento destas pessoas”. Entretanto o vereador receia que este número possa aumentar em função da crise económica e financeira nacional. “A facilidade com que hoje em dia se perde o emprego pode colocar as pessoas rapidamente sem condição de responder aos seus encargos, nomeadamente manter uma casa”. Outra das consequências é a quebra da estrutura familiar. O enquadramento destas situações revela ainda que, na sua maioria, numa primeira fase conseguem o apoio de família e amigos mas acabam numa situação de sem tecto, vivendo em espaço público, alojadas em abrigos de emergência ou com paradeiro em local precário. “A situação de sem-abrigo normalmente é de longa duração e está sempre associada a problemas sociais”, comenta António Matos. No quadro da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem-Abrigo 2009 – 2015, que prevê a constituição de Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo, várias instituições do concelho criaram o núcleo de Almada, aprovado no plenário do CLASA e também pelos partidos políticos representados na vereação. Em termos gerais este núcleo para a integração de sem-abrigo tem por missão encontrar soluções para estas pessoas, que passam pela alimentação, alojamento e acompanhamento na saúde.O objectivo final é a sua reintegração social. “A situação de sem-abrigo é uma problemática multidimensional e exige intervenção intersectorial, ou seja as instituições públicas têm de trabalhar em conjunto com as instituições particulares de solidariedade social”, considera António Matos.

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