quinta-feira, 24 de março de 2011

Praias saloias continuam sem acessos

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Deputados municipais visitam freguesia de São João das Lampas e registam rol de queixas As temperaturas primaveris do passado fim-de-semana convidavam a uma ida até à beira-mar. Todavia, os que o tentaram fazer na faixa litoral da freguesia de São João das Lampas, que se estende desde a Aguda a S. Julião, esbarraram na interdição ou na falta de acessos a quase todas as praias. Dias antes foram os deputados que integram a Comissão Permanente de Obras, Trânsito, Segurança e Protecção Civil da Assembleia Municipal de Sintra a constatar o mesmo facto, durante a primeira de um ciclo de visitas às freguesias do concelho. Guiados por Guilherme Ponce de Leão, presidente da Junta de Freguesia de São João das Lampas, os parlamentares municipais viram de perto que é impossível aceder à Praia da Aguda, "porque a Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARHT) interditou o único acesso existente", o mesmo acontecendo na principal entrada da praia de Magoito, uma das mais procuradas da região. Uma grade de ferro impede a passagem a quem quer que seja, devido ao perigo de derrocada de uma arriba arenosa que há décadas aguarda por obras de consolidação. "A única alternativa é uma escadaria íngreme e sinuosa, que as pessoas mais idosas, com deficiência ou dificuldades de locomoção, não conseguem transpor", lamenta Ponce de Leão, atirando culpas à única entidade que pode fazer alguma coisa para resolver a situação: "A ARHT, dependente da Administração Central, cobrou aos munícipes de Sintra mais de 7,5 milhões de euros através das facturas da água. Mas, nem um cêntimo investiu no concelho. É uma vergonha que tenhamos nesta freguesia mais de dez quilómetros de costa sem que a população dela possa usufruir", acusa ainda o autarca. Para além da Aguda e de Magoito, a comitiva de autarcas visitou ainda duas outras praias, igualmente vedadas ao público: Samarra e Vigia. "A praia da Samarra é um autêntico postal ilustrado, mas a única obra aqui feita foi a recuperação de uma azenha por parte do seu proprietário. Porém, o acesso a uma praia cuja a população rural visitava de tractor está proibido pela ARHT", denuncia o presidente da Junta. Já na Vigia, o maior areal do concelho, não há um único acesso, desde que uma intempérie destruiu uma escada de madeira ali implantada pelo Parque Natural de Sintra-Cascais. "Há quem aqui venha de helicóptero e eu até já pensei contratar uma empresa do ramo para levar as pessoas às nossas praias", ironizava o autarca. Mas ainda havia mais, muito mais, para ver. "Para além da ARHT, temos muitas queixas acerca da forma como o Parque Natural discrimina esta freguesia. Não deixam ninguém fazer nada e depois fecham os olhos a autênticas lixeiras e a vazadouros clandestinos. É uma vergonha!", lastimava Ponce de Leão. Por parte da Comissão Permanente de Obras, Trânsito, Segurança e Protecção Civil, o seu coordenador, Nuno Anselmo (presidente da Junta de Freguesia de São Marcos) não escondeu alguma surpresa pelo volume de informação recolhida na maior freguesia do concelho. "De facto, levamos daqui muita matéria para reflexão e, sobretudo, para analisar com as entidades competentes", garantiu. "Vimos coisas inadmissíveis e absurdas numa zona tão aprazível como esta. Num concelho com uma relevância turística como o nosso, não podemos ter mais de dez quilómetros de costa interditados ou sem acessos e lixeiras a céu aberto em áreas protegidas. Tomámos muitas notas e vamos exigir respostas das diversas entidades com responsabilidades nestas matérias", concluiu Nuno Anselmo, prometendo agendar visitas às restantes freguesias "para ver de perto problemas e questões" relacionadas com as áreas de competência da comissão que coordena.

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