quinta-feira, 19 de maio de 2011

ALMADA E CACILHAS Ruas sem carros em debate

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Câmara discute projectos com a população As obras da Área de Reconversão Urbana (ARU) de Cacilhas já estão no terreno e “cinco proprietários já aderiram ao projecto”. A informação foi avançada por António Janeiro, chefe de divisão de Qualificação Urbana da Câmara de Almada, durante o último fórum Opções Participativas, dedicado a Almada e Cacilhas. Segundo o técnico, a próxima ARU vai incidir no centro histórico da cidade devendo estar em execução “até ao final deste ano”. O processo “está pronto para ser aprovado pela Câmara”. A requalificação das zonas históricas foi uma das matérias em debate neste encontro entre eleitos da autarquia e a população, com o executivo a ouvir algumas críticas negativas relativamente à limpeza do espaço urbano, falta de parques infantis e, mais uma vez, sobre os constrangimentos causados à circulação automóvel no centro da cidade. “As pessoas desistiram de vir à cidade”, afirmava Nuno Oliveira da delegação de Almada da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal. “Pedonalizar parte das ruas principais de Almada veio prejudicar o comércio local e a economia do concelho”, acrescentava este responsável ao mesmo tempo que deixava o desejo de “em 2012 termos a nossa avenida novamente aberta”. O mesmo descontentamento foi expresso por Pedro Matias, residente em Almada. “O Plano de Mobilidade de Almada custou um exagero de dinheiro e transferiu o trânsito das ruas construídas no século XX para as ruas do século XVIII”, por isso considera que “este plano não serve”. Crítica idêntica fez um morador de Cacilhas quanto à falta de estacionamento. “Se quiser ir a um museu em Almada, não posso estacionar, se quiser fazer compras na cidade não posso estacionar; como já apanhei várias multas, evito ir ao centro Almada. É o que faz muitas pessoas”, comentava. Com o vereador responsável pela Mobilidade, Rui Jorge Martins, a afirmar que as novas regras impostas à circulação estão a contribuir para “uma Almada melhor”, teve em defesa desta tese um outro morador. Dizia Félix Magalhães que depois de ter residido em Barcelona alguns anos, ficou com outra noção sobre a circulação automóvel dentro das cidades. “Muitas zonas de estacionamento gratuito ficam fora dos centros”, por isso considera que em Portugal, nesta matéria, “somos muito brandos”. Já quanto à limpeza da cidade, Rui Jorge Martins aceitou a crítica reconhecendo que, “apesar de todo o esforço que está a ser feito, nem tudo está bem”. Mais satisfeitos terão ficado os participantes que reclamaram por mais parques infantis. Segundo o vereador a falta destes espaços está identificada, estando já em andamento um plano de “construção e renovação”. Decidido está que o Parque da Paz não vai receber nenhum destes equipamentos. “É uma decisão assumida”, diz o vereador que revelou que um destes espaços será montado no futuro parque da Quinta dos Crastos, no Pragal. Com os técnicos da autarquia a apresentarem o plano de reabilitação das zonas históricas, foi esclarecido que o antigo Teatro Municipal de Almada vai ser recuperado para acolher grupos de artes performativas, enquanto o espaço vizinho que foi usado como armazém da Câmara vai ser transformado no Quarteirão das Artes para acolher indústrias criativas. Duas obras em fase de concurso, tal como acontece com a casa onde nasceu o maestro Leonel Duarte Ferreira que irá receber o Museu da Música. No plano de obras está ainda incluída a requalificação do antigo edifício da Cooperativa de Consumo de Almada, que irá receber a Universidade Sénior, e o antigo edifício da Academia Almadense onde irá funcionar a academia de dança e a Escola de Música. Esta reestruturação obriga à requalificação da Rua Capitão Leitão com nova pavimentação, alargamento de passeios e renovação dos largos. “Estas obras vão ter início ainda este ano”, adiantou a vereadora do Planeamento, Amélia Pardal. O projecto de reconversão da Almada histórica vai ainda ter expressão na Quinta do Almaraz e Cais do Ginjal, com a presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa a prometer que “em breve” estes serão apresentados à população.

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