quinta-feira, 16 de junho de 2011

COSTA DA CAPARICA População zangada com políticos

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Entidades gerem território sem auscultar moradores Os moradores da Costa da Caparica dizem que a localidade não está a ser bem acompanhada pelo poder político nacional e pela Câmara de Almada e afirmaram-no no Fórum Opções Participativas. Problemas de acessibilidades, falta de uma estratégia de turismo e dúvidas sobre a continuidade do Polis foram questões presentes neste encontro onde se chegou a exigir que fosse criada a marca “Costa da Caparica”. A ideia foi lançada por Joanaz de Melo, presidente do grupo ambientalista Geota e residente na freguesia, que, na sua opinião, “não tem sido valorizada”. Mais do que isso, contesta que os poderes políticos tenham decidido planos para a Costa da Caparica “sem perguntar à população que infra-estruturas precisa”. E tal como outros intervenientes, defendeu que o Metro Sul do Tejo (MST) tem de chegar à localidade. “É inadmissível que isto não seja uma prioridade”. Para o ambientalista o metro é “mais prioritário” do que a construção da variante 377-2 que irá desviar o trânsito que se dirige para sul, do centro da localidade. Aliás, os impactes ambientais que esta via pode causar ao atravessar a área agrícola das Terras da Costa foi levantada por vários intervenientes no encontro. Com Joanaz de Melo a dizer que “é preciso estudar se este plano vale a pena”, a moradora local Maria Luísa afirmava que esta via será “um desastre ambiental” que vai “tirar o sustento a mais de 40 famílias” que dependem daquela zona agrícola. O MST até à Costa da Caparica é também defendido pela Câmara de Almada. “É uma reivindicação do município”, afirmava o vice-presidente da Câmara. A preocupação de José Gonçalves é se este projecto vai mesmo avançar quando as Parcerias Público- Privadas – que é o caso do MST – estão para ser “reavaliadas”. Já quanto à construção da estrada 377-2 o vereador responsável pela Mobilidade, Rui Jorge Martins, lembrava que o projecto ainda não está fechado e que existe a preocupação com as Terras da Costa. Mas também lembrou que, durante os meses de Verão, a localidade “recebe 8 milhões de visitantes”, sendo “preciso dividir este trânsito antes de entrar na Costa da Caparica”. Entre as muitas preocupações da população, e também de autarcas, a maior é saber se o programa Polis continua ou não. Respondendo à crítica por não existir um plano estratégico municipal de turismo, o vereador António Matos garante que este “está concluído” e já existem reuniões entre várias entidades para a aplicação do mesmo. Já quanto ao Polis, diz estar “muito preocupado”. É que a sociedade CostaPolis “não pode pedir crédito para continuar a obra”, por isso só espera que o programa “não morra na praia antes de 2013”. Também o presidente da Junta da Costa da Caparica tem muitas dúvidas sobre a progressão do Polis. Pelas contas de António Neves, desde que o programa foi assinado, em 2001, com conclusão prevista para 2006, a parte financeira já escorregou para o dobro. Com um investimento previsto de 200 milhões de euros, agora com todos os atrasos e reprogramações, o programa precisa de “350 milhões de euros”. Praias sem areia Só que não se sabe onde buscar o dinheiro. “O novo Governo tem de ser muito claro quanto ao Polis”, afirma António Neves. É que “têm sido cometidos erros alarmantes”. Um dos casos é a Sociedade CostaPolis colocar à venda um terreno, para um hotel, por “12 milhões de euros”. Para António Neves “não é assim que se consegue dinheiro para financiar o programa”. “É preferível baixar o preço e colocar contrapartidas ao comprador”. Este procedimento, acrescenta, “revela uma clara má gestão do Polis”. Tal como tem sido mal gerido o programa de enchimento artificial das praias com areia para evitar que o mar, no Inverno, volte a destruir apoios de praia e ameace parques de campismo. Garante António Neves saber que “este ano não vai haver preenchimento de areias”, por isso tem a certeza que “o próximo Inverno vai ser de alto risco”.

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