sexta-feira, 24 de junho de 2011

PALÁCIO DOS ARCOS Mais-valia para a região

Ver edição completa
Poesia inspira conceito do futuro Hotel Vila Galé O futuro Hotel Vila Galé Palácio dos Arcos trará valor acrescentado à zona onde se vai inserir quando estiver pronto a receber hóspedes, em 2013. “Estão reunidas todas as condições para criar em Paço de Arcos um pólo de desenvolvimento turístico para o concelho de Oeiras”, sublinhou Jorge Rebelo de Almeida, presidente do segundo grupo hoteleiro a nível nacional, sábado passado, durante a apresentação do projecto que irá adaptar aquele vetusto palácio (construído nos finais do século XV e reedificado no século XVIII) a hotel de cinco estrelas. Falando na capela do monumental edifício, rodeado de garrafas de vinho (do grupo) com nome muito adequado às circunstâncias (“Santa Vitória”), aquele responsável salientou a oportunidade do projecto “tendo em conta a situação difícil que o país atravessa e porque gostamos de fazer coisas para que Portugal consiga dar a volta por cima”. A seu lado, o presidente da Câmara de Oeiras corroborou a importância do empreendimento para o concelho e acrescentou- lhe ainda mais dimensão ao adiantar a intenção de construir uma marina mesmo em frente ao futuro hotel (ver caixa). “A nossa ideia é fazer uma espécie de Saint-Tropez moderna... mas, na minha opinião, melhor ainda”. Resultado de um investimento na ordem dos 10 milhões de euros, o Hotel Vila Galé Palácio dos Arcos – que será o primeiro 5 estrelas do grupo em Portugal – pretende alterar “o menos possível” a traça antiga do edifício e o espaço verde que o rodeia, sendo que o exuberante jardim tradicional “é intocável e manter-se-á absolutamente aberto ao público”, segundo promessa renovada por Jorge Rebelo de Almeida. No edifício do palácio propriamente dito ficarão as áreas nobres, ou seja, o bar e o restaurante “Inevitável” – a proposta topo de gama do grupo em termos de restauração – bem como as duas suites, três dos 74 quartos previstos, a biblioteca e a recepção. Por seu turno, os edifícios novos serão construídos encostados à zona mais recuada do terreno e albergarão os restantes quartos e equipamentos como a piscina e o Spa Satsanga. Em frente a estas construções ficará situada uma área verde com piscina. Está prevista, igualmente, a reabilitação da antiga adega e o seu aproveitamento para sala de reuniões. A ligação da ala nova ao Palácio será feita pela Galeria da Capela, com material envidraçado para reduzir o impacto visual. E não faltará um chá da tarde no jardim como uma das grandes apostas para cativar visitantes e hóspedes. Cumprindo a regra de dedicar cada unidade hoteleira a um determinado tema, o presidente do Grupo Vila Galé anunciou que o projecto de Paço de Arcos terá a Poesia como mote inspirador da decoração e da animação cultural. “Associei este tema a uma iniciativa de grande qualidade da Câmara de Oeiras e que eu acho que não é suficientemente divulgada: o Parque dos Poetas”, explicou, adiantando, a propósito, que o grupo que dirige já “comparticipou voluntariamente” nos custos daquela obra de grande envergadura. Levantando um pouco do véu sobre a influência da temática escolhida, “vamos ter paredes com várias poesias de todo o mundo, privilegiando a língua portuguesa, e teremos noites de poesia…”. Jorge Rebelo de Almeida aproveitou o facto de estar numa capela para confessar que o investimento na recuperação do Palácio dos Arcos corresponde, também, ao pagamento de uma dívida antiga. “Porque ganhámos algum dinheiro com uma parceria interessante que tivemos há 20 anos – o Parque do Alto do Duque, em Miraflores – quando lançámos o primeiro projecto de limpeza de barracas e realojamentos, em que a Câmara e nós próprios fomos pioneiros”, explicou o empresário, acrescentando: “Além do prazer tremendo de termos comparticipado no realojamento de 80 famílias nesse projecto, o negócio em si correu excelentemente e deu para construirmos dois hotéis”. Por parte da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais agradeceu o empreendedorismo activo depois dos 50 anos de idade de Jorge Rebelo de Almeida e corroborou de que o investimento privado pode e deve poupar o erário público na missão de restaurar e conservar o património. “Das coisas que me faz maior impressão é ver por esse país fora património histórico extraordinário, sejam fortes, sejam castelos, palácios, estar entregue a ministérios, forças armadas, forças policiais, ou então estarem desocupados e, de vez em quando, servem para uma festa ou para algum ministro ir dormir. Realmente, só um país riquíssimo se pode dar a esse luxo”, criticou o edil, dando como exemplos o Forte de São Julião da Barra ou o Paço Real de Caxias. O Palácio dos Arcos tornou- se propriedade da Câmara de Oeiras, em 1997, aquando da morte do seu último proprietário, o Conde de Arrochella e de Castelo de Paiva.

Sem comentários: