quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CASCAIS Areia reforça identidade

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Requalificação do Largo de São Brás é prioridade
Acentuar o espírito de comunidade e contribuir para o desenvolvimento sustentado da Areia e do Guincho é o que propõe a AMA (Associação de Moradores da Areia), cuja nova direcção está em funções desde 10 de Novembro de 2011 e apresentou o mais votado dos projectos vencedores do Orçamento Participativo: a requalificação do Largo de São Brás, mais conhecido pelo Largo da Areia. Uma intervenção para dar um ‘novo rosto’ a um espaço que se encontra maltratado, com estacionamento desordenado e mobiliário estragado. Situações que desrespeitam o património cultural da região. Constituída em 18 de Outubro de 2010, “a AMA é uma organização aberta à iniciativa dos seus associados e os nossos objectivos passam pela identificação e resolução de problemas que envolvam a comunidade e a promoção de iniciativas no âmbito recreativo, desportivo, ambiental, cultural e como objectivos mais específicos, a realização de eventos de carácter popular na procura de recuperar as tradições locais (Festas Populares, Convívio de S. Martinho ou uma Noite do Fado), passeios como forma de acentuar o convívio entre moradores e promover o conhecimento sobre o património natural e arqueológico da zona”, disse ao JR, o presidente da AMA, Miguel Oliveira, que pretende seguir as pisadas da antiga Comissão de Festas e Melhoramentos da Areia. Miguel Oliveira relembra que essa associação “organizou diversas iniciativas. Para além da realização de várias festas populares e das provas de ciclismo (Voltas ao Guincho) que tinham grande tradição nesta localidade, e que faziam parte do calendário da Federação Portuguesa de Ciclismo, executou ainda a actual paragem de transportes públicos existente no largo, recuperou a Capela (nessa época parte do telhado tinha abatido) e o espaço envolvente (Largo de São Brás) e construiu a antiga Escola Primária da Areia... no fundo, melhorou a qualidade de vida numa aldeia que na época se encontrava completamente ‘isolada’”. Neste momento, disse, “estamos a mover esforços para implementar estes eventos e a ‘negociar’ outras iniciativas/contrapartidas com o comércio e os serviços locais com vantagens para os nossos associados. O mais difícil é colocar a ‘máquina’ em andamento e no caminho certo, depois é só alimentá-la!”. Miguel Oliveira enuncia como problemas que os munícipes da Areia sentem “a localização dos caixotes do lixo/ecopontos, bem como a deterioração do mobiliário urbano existente no Largo de S. Brás, que, embora tenham sido alvo de diversos abaixo-assinados entregues na Câmara de Cascais, nunca foi resolvido, talvez pelo facto de não existir uma associação de moradores”. Este responsável aponta, ainda, a questão da colocação dos alunos na escola da Areia. “Por esta ser considerada uma escola-modelo recebe alunos praticamente de todo o concelho, mas algumas crianças da Areia, que moram a cerca de 100 metros da escola, ficam de fora e são colocadas em outras escolas do concelho”, lamenta Miguel Oliveira. Espaços públicos são também uma carência na região. “Os moradores da Areia, como tantos outros, sentem a necessidade de ter espaços públicos de qualidade para que as crianças possam voltar a brincar na rua em segurança. Eu defendo que nos aglomerados residenciais onde não existam campos de jogos, possam ser utilizados os existentes nos estabelecimentos de ensino. Quando eu era pequeno e ia brincar para a rua os meus pais diziam-me para vir almoçar/jantar a horas, hoje eu digo ao meu filho para ter cuidado com os carros!”. A Areia é uma das poucas localidades do concelho que mantém as características muito próprias de uma aldeia, cujo uso dominante é a função residencial (moradias unifamiliares), onde se destaca o comércio de restauração. Nos últimos anos, a Areia tem crescido com a vinda de população das zonas envolventes. Miguel Oliveira diz que “por ser uma zona dormitório, os novos moradores da Areia não se relacionam com os restantes, nem com a história e tradições da aldeia. A falta de socialização entre os moradores e ausência de identidade urbana (histórica e cultural) são questões que pretendemos melhorar, de forma a recuperar o espírito de aldeia e de comunidade”. Para reforçar estas relações sociais, salienta, “torna-se importante dinamizar e recriar os espaços públicos”. Francisco Lourenço

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