quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Utentes querem voltar para a Damaia

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Protesto contra a transferência de oito mil pessoas para o centro de saúde da Buraca A Comissão de Utentes do Centro de Saúde da Damaia (CUCSD) voltou a concentrar mais de meia centena de pessoas, na quinta-feira, 9 de Fevereiro, à porta do edifício da unidade de saúde, num protesto contra a transferência de utentes sem médico de família para as instalações Buraca. Os manifestantes estavam determinados em não arredar pé até que fossem recebidos pela directora do Agrupamento dos Centros de Saúde da Amadora. A concentração decorreu até às 15 horas. A manhã fria não afastou os populares, na sua grande maioria idosos, que não desmobilizaram da porta das instalações do Centro de Saúde da Damaia. A dispersão só ocorreu após a comissão de utentes ter reunido com a directora do Centro de Saúde da Damaia, que garantiu “até ao final do mês, a reintegração de todos os utentes”, segundo avançou José Flores, representante da comissão. O protesto foi agendado porque todos os utentes inscritos no Centro de Saúde da Damaia sem médico de família atribuído, cerca de 8 mil, foram transferidos em Outubro para a unidade da Buraca, que funciona num prédio de habitação, sem elevadores, passando a abranger uma população de mais de 34 mil utentes. Ainda de acordo com José Flores, “a directora do agrupamento comprometeu-se a realizar a limpeza dos ficheiros até ao final do mês e, segundo as contas que nos apresentou, vai permitir reintegrar todos os utentes que haviam sido transferidos”. Luísa Delgado, moradora há 45 anos na Damaia, foi uma das utentes que em Outubro passou a ser atendida no Centro de Saúde da Buraca. “Aquele espaço não tem condições nenhumas, já vi utentes em cadeiras de rodas à espera no rés-do- -chão que os médicos desçam as escadas para serem atendidos”, relata. Apesar de ser hipertensa e diabética foi, assim mesmo, transferida. “Tenho de apanhar um autocarro que custa 1,75 euros e tem dias que vou lá duas vezes”, lamenta. Também Maria de Lurdes de Pina Ferreira contesta a transferência. “Deveriam ter vergonha daquilo que nos estão a fazer, lutámos tanto para que se construísse aqui um Centro de Saúde e agora o equipamento está a funcionar, mas está quase vazio”, lamenta. Existem perto de 24 mil utentes inscritos no Centro de Saúde da Damaia, porém, de acordo com os últimos dados dos Censos, na freguesia residem apenas cerca de 21 mil habitantes. Na Amadora, num universo de 206 mil habitantes, há mais de 86 mil que não têm médico de família. Milene Matos Silva

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