quarta-feira, 11 de julho de 2012

BOMBEIROS DA AMADORA Finanças em alerta máximo


Dinheiro já não chega para as despesas

A situação de estrangulamento financeiro que tem vindo a afectar as corporações de bombeiros do país, devido às alteração no financiamento do transporte de doentes não urgentes, já levou a corporação da Amadora a falhar o pagamento dos subsídios de férias. Na semana passada, a direcção ponderou alertar a população para as dificuldades económicas da corporação que estão a afectar a prestação do serviço. O futuro da instituição pode estar em risco. Os bombeiros já venderam duas viaturas, mas mesmo assim isso não chega para fazer face às despesas que crescem de dia para dia, sem que os apoios sofram aumentos. “Neste momento, temos uma despesa fixa em ordenados e combustíveis no valor de 100 mil euros por mês, mas só recebemos apoio de 63mil euros da Câmara Municipal, 16 mil euros da Autoridade Nacional de Protecção Civil e de 7 mil euros do INEM, de fora ficam ainda o pagamento de dívidas a fornecedores”, explica Maria Alcide Marques, presidente da instituição, acrescentando que “a situação é insustentável”. Segundo a presidente, “alguns membros da direcção já chegaram a colocar dinheiro do seu bolso para pagar a fornecedores, mas esta não pode ser a solução”. Mas nem os esforços para recolha de donativos, com a realização de bailes e noites de fado, conseguem fazer face às despesas de modo a equilibrar as contas. “Temos tido aumentos de combustíveis e de electricidade por um lado, por outro temos tido cortes nos apoios, sendo que o subsídio da Câmara se tem mantido” explica Maria Alcide Marques. “Podemos apelar à população e empresas para nos apoiarem, mas estas são receitas pontuais, nunca serão a solução para os nossos problemas financeiros”, explica, acrescentando que “também as empresas estão a passar por dificuldades, como tal, este apoio deveria vir do Estado”. “Precisamos da colaboração da Câmara para que as autoridades nacionais que têm o dever de nos financiar nos possam ouvir”, afirma. Se a corporação de bombeiros nunca deu lucro, desde o início do ano, com a alteração da forma de pagamento do transporte de doentes não urgentes, a associação agravou ainda mais os prejuízos. “Era através desse serviço que ainda garantíamos alguma sustentabilidade”, garante Maria Alcide Marques. O comandante e vice-presidente da associação, Mário Conde, diz que “a prestação dos serviços já está a ser afectada. Em Maio, recusámos 93 pedidos de socorro e, em Junho, tivemos que pedir a outras corporações para acorrer a 123 pedidos”. “Numa situação em que acorremos a um pedido feito pelos bombeiros de Queluz relativa a um acidente no IC19, momentos depois tivemos dificuldades em ter pessoal para um outro acidente no nosso território”, exemplifica Mário Conde.  O comandante acrescenta: “Na última semana houve um incêndio na Serra das Brancas e tivemos que enviar três carros dos bombeiros. Nesse dia gastámos o combustível que daria para uma semana”. A corporação já foi obrigada a dispensar quatro elementos contratados a prazo para poupar nas despesas. Porém,  depois faltam os meios necessários. Como exemplo, a situação criada com o último incêndio num sexto andar de um prédio. “Deveria ter enviado três viaturas, mas por falta de pessoal optei por não enviar uma auto-escada. Por acaso, o problema resolveu- se de outra maneira, mas poderia ter tido um mau desfecho”, considera o comandante. Apesar de manter o transporte de doentes não urgentes, a Associação dos Bombeiros Voluntários da Amadora reduziu substancialmente o serviço protocolado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo desde o início de Junho. “Espero que não seja necessário uma catástrofe para que as autoridades olhem para nós”, conclui Maria Alcide Marques.
Milene Matos Silva

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