terça-feira, 18 de setembro de 2012

QUELUZ Ponte sem saída


Nova ligação entre Queluz e Amadora implica um investimento de cerca de 600 mil euros

Mais de três meses e meio após o encerramento da ponte do Lido, devido a um buraco na estrutura, a circulação entre Queluz e Amadora continua condicionada, dificultando o acesso ao IC19. A situação tem tendência para se agravar com o arranque do ano lectivo, devido ao aumento do tráfego na zona, próxima das escolas EB1 n.º 2 de Queluz e Secundária Padre Alberto
Neto. Os comerciantes desesperam com as quebras de facturação e parecem condenados a fechar portas. Após um primeiro anúncio de que uma nova ponte seria construída até meados de Setembro, o assunto voltou à baila na última sessão da Assembleia Municipal, realizada na passada quinta-feira. Fernando Seara revelou que a autarquia ai mesmo avançar com a construção de uma ponte alternativa, que implica um investimento de 600 mil euros. Apesar dos custos, a opção recaiu numa solução definitiva, em vez de uma provisória, "cujo custo diário seria
insuportável para a Câmara e para os munícipes". "Foram feitos todos os procedimentos: levantamento topográfico; articulação com o Exército; reuniões com a Câmara Municipal da Amadora, com delimitação de obra que cabe a Sintra e a que cabe à Amadora, porque implica uma redefinição do acesso à Amadora", enunciou o presidente da Câmara, dando conta que foi "desencadeado um ajuste directo de concepção/construção para a nova ponte". A ligação vai ser construída em terrenos municipais, cedidos aos Bombeiros Voluntários de Queluz, e militares. Em condições normais, a construção da nova ligação levaria cerca de dois anos a concluir. Embora sem querer avançar com uma previsão, Fernando Seara acabou por enunciar que espera que a obra possa ser concretizada "até ao final do ano". O edil respondia ao munícipe Miguel Couto que, após uma intervenção no início de Julho, voltou a interpelar o município sobre a resolução da situação do encerramento da ponte filipina. "Uma ponte que continua a ser essencial porque se trata da única entrada de Queluzem direcção ao Hospital Fernando da Fonseca", alertou o munícipe, já cansado das garantias, "tanto da Câmara de Sintra, como da Amadora, de que vão resolver o problema", mas sem que isso se traduza em intervenções no terreno. Durante o período
de férias, em que deveria estar a decorrer a construção da ponte alternativa, Miguel Couto enunciou que "houve um freguês que escreveu um cartaz a dizer ‘Vejam que as obras estão a correr muito bem’. E não está. Nada está feito...". Também Eugénia Louro interpelou o presidente da Câmara sobre a expectativa para a resolução do problema, que afecta quem circula na zona, mas também constitui uma ameaça sobre o comércio local. Bruno Araújo, proprietário de um café mesmo em frente à ponte filipina, é um dos empresários com ‘a corda na garganta’. "Vou ser obrigado a fechar o café sem ter culpa nenhuma", revela este empresário, preocupado se a situação continuar, por muito mais tempo, sem resolução. Interpelado pelo JR, nem consegue quantificar a quebra na facturação, mas olha para o lado e aponta para o encerramento de outros estabelecimentos comerciais. "Começo mesmo a perder a esperança", adianta Bruno Araújo. "Estou na expectativa, mas também não vou conseguir aguentar muito mais tempo", conclui. Sobre a dificuldade de circular na zona, vaticina que, a partir desta semana, a situação vai agravar-se. "A partir de 2.ª-feira (dia 17 de Setembro), é que vai ser o bom e o bonito, quando começarem as escolas, porque aqui há desde o 1.º Ciclo até ao 12.º ano", alerta Bruno Araújo. Desde o encerramento da ponte, os automobilistas são obrigados a dar "uma volta de dois a três quilómetros" em vez dos "50 metros da ponte", congestionando outras vias da Amadora. O presidente da Junta de Freguesia de Queluz, Barbosa de Oliveira, tem acompanhado o processo e conhece bem "todas as limitações e negociações" tendentes à construção da nova ponte. Uma ligação essencial para os queluzenses e para muitos munícipes de outras freguesias. "A zona norte do nosso concelho vem toda para Queluz para entrar no IC19". "Queluz está emparedada, só tem uma saída para o IC19 neste momento ou, então, tem de andar no interior da Amadora", lamenta o autarca, também preocupado com os prejuízos dos comerciantes locais "que estão a perder uma receita muito grande, com o negócio resumido às pessoas que moram na zona". Barbosa de Oliveira está preocupado com o agravamento da situação quando "chegarem as chuvas" e espera que rapidamente seja possível construir a ponte alternativa, desejavelmente até
ao final do ano. 
João Carlos Sebastião

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